POLÍTICA

União Brasil deixará ministérios e rompe com governo Lula

Antonio Rueda, presidente do União Brasil, em evento da XP. Reprodução

A direção nacional do União Brasil decidiu deixar o governo Lula e entregará dois dos três ministérios que ocupa a partir de setembro. A saída ocorre após críticas públicas do presidente da sigla, Antonio Rueda, contra a gestão petista durante um evento da XP Investimentos. O partido também afirmou que expulsará qualquer ministro que insista em permanecer no governo sem o aval da legenda. Com informações de Andreza Matais, no Metrópoles.

Celso Sabino (Turismo), único ministro filiado ao União Brasil, deve ser expulso caso continue no cargo. Frederico Siqueira (Comunicações), que não é filiado, também terá de deixar o ministério. Waldez Góes (Integração Nacional), embora vinculado ao PDT, não será afetado, já que ocupa o posto por indicação de Davi Alcolumbre (União-AP), cuja influência interna foi preservada.

O rompimento político foi precipitado por uma reportagem que expôs declarações duras de Rueda durante o painel da Expert XP, em São Paulo. Diante de investidores e empresários, o dirigente afirmou que o governo Lula “não tem metas”, “falta coragem” e “não entrega o que a sociedade precisa”. Rueda também defendeu abertamente a substituição do presidente nas eleições de 2026.

Durante o mesmo evento, Rueda culpou Lula pelo tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil. Para ele, o petista instigou a situação ao se aproximar de regimes como o da Rússia e ao defender o fim do dólar nas relações comerciais no âmbito do BRICS. “O presidente provocou, instigou essa situação. Não tem como dizer que isso não aconteceu”, afirmou.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, com expressão de alegria e sorriso tímido, sem olhar para a câmera
O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil) – Divulgação

A declaração aumentou a tensão no Palácio do Planalto. Segundo apuração da coluna de Igor Gadelha, Lula reagiu cinco dias depois, convocando os três ministros ligados ao União Brasil para uma reunião fora da agenda. O presidente teria condicionado a permanência deles à garantia de apoio da legenda no Congresso Nacional.

Rueda respondeu à cobrança com uma publicação nas redes sociais afirmando que “independência não se negocia”. Segundo ele, o compromisso do União Brasil não é com cargos, mas com princípios. “Seguiremos apoiando o que for certo e denunciando os erros, sem medo de desagradar”, disse.

Com a terceira maior bancada da Câmara, o União Brasil tem 59 deputados e sua saída representa mais um desafio para o governo Lula na articulação de pautas legislativas. A decisão já vinha sendo maturada desde abril, quando o partido oficializou uma federação com o PP, de Ciro Nogueira, que também integra a oposição ao atual governo.

Rueda deixou claro que a federação União-PP não apoiará a reeleição de Lula em 2026. Ele mencionou possíveis nomes da centro-direita para a disputa, como Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado. “Esse campo vai se unificar em torno de uma candidatura”, declarou.

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