POLÍTICA

Quem paga a conta? Como o tarifaço virou dor de cabeça a Trump e aos EUA

Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

Quatro meses após anunciar tarifas abrangentes que causaram pânico nos mercados globais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agora promete uma série de conquistas comerciais. No entanto, especialistas questionam se os benefícios superarão as consequências negativas a médio e longo prazo.

O prazo autoimposto de “90 negócios em 90 dias” resultou em apenas uma dúzia de acordos, muitos deles curtos e sem os detalhes típicos de negociações comerciais tradicionais. As tarifas variam significativamente: 10% para o Reino Unido, 15% para União Europeia e Japão, e mais de 25% para a Índia em certos produtos.

Ben May, da Oxford Economics, alerta: “Elas estão obviamente aumentando os preços nos EUA e reduzindo a renda das famílias”. O impacto global também preocupa, já que a redução das importações estadunidenses pode diminuir a demanda mundial.

Os efeitos são desiguais entre os países:
– Alemanha pode ver crescimento reduzido em 0,5 ponto percentual;
– Índia sofre menos, com exportações representando apenas 2% do PIB;
– China enfrenta realocação de produção, como no caso da Apple para a Índia.

Já no Brasil, onde Trump condicionou a desistência de implantar tarifas de 50% ao fim do processo contra Jair Bolsonaro (PL), em que o ex-presidente é réu pela trama de golpe de Estado, o republicano precisou recuar em centenas de itens essenciais aos EUA. Artigos de aeronaves civis, fertilizantes, metais e produtos agrícolas como suco e polpa de laranja são alguns exemplos.

Colheita de laranjas brasileiras para exportação. Foto: reprodução

Nos EUA, as receitas tarifárias já superam US$ 100 bilhões em 2024 (5% da receita federal), com projeção de alcançar US$ 300 bilhões. No entanto, os consumidores estadunidenses começam a sentir o impacto, com gigantes como Unilever e Adidas preparando aumentos de preços.

A Casa Branca considera cheques de reembolso para eleitores de baixa renda, mas a medida exigiria aprovação do Congresso. Enquanto isso, importantes negociações com Canadá, Taiwan e China permanecem em aberto, e muitos acordos anunciados ainda não foram formalizados.

Embora tenha evitado uma guerra comercial total, a estratégia de Trump pode estar minando a confiança de parceiros tradicionais e acelerando a formação de novas alianças comerciais que contornem os EUA. O Reino Unido, por exemplo, busca agora reforçar laços com a UE e fechar acordo com a Índia.

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