
Horas depois da divulgação de dados que mostraram uma desaceleração no crescimento do emprego nos Estados Unidos, Donald Trump ordenou a demissão da responsável pelas estatísticas trabalhistas do governo federal, gerando críticas de que estaria tentando esconder a realidade econômica.
O presidente afirmou, sem apresentar qualquer evidência, que Erika McEntarfer — comissária do Bureau of Labor Statistics (BLS) — teria “falsificado” os números do emprego durante a campanha eleitoral passada, com a intenção de favorecer Kamala Harris.
Mesmo com os dados mostrando um mercado de trabalho mais fraco do que o esperado, Trump declarou nas redes sociais que a economia americana está “DISPARANDO” sob sua gestão. “Precisamos de números de emprego precisos. Ordenei que minha equipe demitisse essa indicada de Biden IMEDIATAMENTE. Ela será substituída por alguém muito mais competente e qualificada”, escreveu no Truth Social.

A demissão veio no mesmo dia em que o relatório oficial de empregos indicou fraco desempenho em julho, com revisões para baixo nos números de maio e junho. A decisão foi interpretada como tentativa de manipular as estatísticas. “Trump está demitindo a responsável pelos dados porque não gosta dos números que mostram os danos causados por sua política econômica”, criticou Lily Roberts, diretora do Center for American Progress.
Roberts alertou para os riscos de politizar a produção de dados públicos. “Seguir o manual autoritário só aumenta a incerteza e pode custar caro aos americanos por muitos anos.”
Paul Schroeder, diretor do Conselho de Associações Profissionais de Estatísticas Federais, classificou a acusação como “grave e ultrajante”. Segundo ele, a decisão compromete a integridade das estatísticas econômicas federais e ameaça a credibilidade de dados que deveriam permanecer isentos.
Erika McEntarfer é economista de carreira e serviu sob os governos de George W. Bush, Barack Obama, Donald Trump e Joe Biden, tendo passado também pelo censo dos EUA. Sua nomeação ao cargo atual, em 2024, foi confirmada pelo Senado com ampla maioria — 86 votos a favor e 8 contra.