O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30 — a conferência sobre mudanças climáticas da ONU (Organização das Nações Unidas) — confirmou nesta quinta-feira (31) que alguns países solicitaram a retirada do evento de Belém, no Pará. Ele também criticou duramente a rede hoteleira da capital paraense pelos preços elevados cobrados durante o período da reunião internacional. Com informações da Folha de S.Paulo.
“Ficou público que os países estão pedindo para tirar a COP de Belém”, afirmou. De acordo com Corrêa do Lago, os valores cobrados pelos hotéis de Belém estão até dez vezes acima do preço normal, algo que contrasta com outras edições da COP, nas quais o aumento costuma ser de apenas duas ou três vezes.
“Acredito que talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que eles estão provocando”, disse o embaixador durante um evento do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), promovido pela Associação de Correspondentes Estrangeiros (AIE). “Os preços estão completamente abusivos.”
Corrêa do Lago ressaltou ainda que o governo brasileiro está se mobilizando para tentar convencer os estabelecimentos a reduzir os preços, apesar de a legislação não permitir imposições diretas: “Há um esforço muito grande do governo de conseguir convencer os hotéis a baixar o preço, porque [pela] legislação brasileira não se pode impor isso aos hotéis.”
A preocupação com os altos custos da hospedagem foi amplamente relatada por países em desenvolvimento, segundo a agência Reuters. Por causa disso, a UNFCCC — o órgão da ONU responsável pelas negociações climáticas — realizou uma reunião de emergência na última terça-feira (29). O Brasil se comprometeu a apresentar uma resposta até o próximo encontro, agendado para 11 de agosto.
Richard Muyungi, presidente do Grupo de Negociadores Africanos e responsável por convocar a reunião, relatou que os países foram tranquilizados quanto ao encaminhamento da questão: “Nos asseguraram que revisitaremos isso no dia 11, para obter garantias de que a hospedagem será adequada para todos os delegados.” Muyungi explicou ainda que os países africanos não querem reduzir o número de representantes por causa do custo.
“Não estamos prontos para reduzir os números. O Brasil tem muitas opções para termos uma COP melhor, uma boa COP. Por isso estamos pressionando para que o Brasil forneça respostas melhores, em vez de nos dizer para limitar nossa delegação”, declarou o representante africano.
