
Diálogos extraídos do celular de Jair Bolsonaro revelam bastidores da sua articulação política após a derrota nas urnas e mostram como o ex-presidente manteve influência sobre parlamentares, empresários e ex-integrantes do governo. Com informações do Estadão.
As mensagens foram recuperadas pela Polícia Federal em 2023, durante a operação que investigava fraudes em certificados de vacina. Entre os conteúdos, estão conversas sobre ataques ao STF, boicote ao projeto de lei das fake news, apoio do agronegócio e até uma proposta de viagem paga a Israel, oferecida por um ex-embaixador.
Bolsonaro orientou o deputado Hélio Lopes (PL-RJ) a assinar uma CPI contra o ministro Alexandre de Moraes e outros integrantes do Supremo.

Em outra conversa, incentivou seu filho Eduardo Bolsonaro a articular a derrota do PL das Fake News na Câmara. Já com o ex-ministro Braga Netto, discutiu como mobilizar o agronegócio, setor que financiou acampamentos golpistas e que o hospedou em uma fazenda durante a Agrishow. A propriedade pertencia ao empresário Paulo Junqueira, investigado por enviar dinheiro vivo para bancar a estadia de Bolsonaro nos EUA.

As mensagens também mostram Bolsonaro pedindo cautela a seu assessor Tércio Arnaud ao compartilhar vídeos sobre os ataques de 8 de Janeiro. Ele queria saber se um conteúdo que circulava nas redes poderia ser publicado sem agravar sua situação jurídica.

Em outro momento, recebeu de Yossi Shelley, ex-embaixador de Israel, a oferta de uma viagem ao país com todos os custos pagos. Bolsonaro agradeceu e encaminhou o convite à esposa, Michelle, mas não respondeu se aceitaria. A defesa do ex-presidente não quis comentar o conteúdo revelado.
