POLÍTICA

Marcos do Val foge do Brasil e vai para os EUA mesmo com passaporte bloquedo

O senador Marcos do Val. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O senador Marcos do Val (Podemos-ES), investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e com passaporte bloqueado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, viajou na última quarta-feira (23) para Miami, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada pelo próprio parlamentar ao UOL, que verificou a entrada de Do Val em território estadunidense no sistema da alfândega dos EUA em 23 de julho de 2025.

O caso ocorre apesar de o STF ter mantido, em março deste ano, o bloqueio dos passaportes comum e diplomático do senador. Do Val utilizou um passaporte vermelho (diplomático) para viajar, sendo reconhecido e “tietado” por comissários de bordo durante o voo que partiu de Manaus.

“Estou dentro da lei, seguindo a lei. Se tinha um bloqueio, como é que eu saí? Tem que perguntar para a Polícia Federal”, afirmou Do Val ao Uol, classificando a decisão do STF como “ilegal”. Ele argumentou que só poderia ter o passaporte cassado se tivesse sido “acusado pela PGR, condenado pelo STF, se a condenação tivesse sido validada pelo plenário”.

Investigações e medidas cautelares

Marcos do Val é investigado por crimes como divulgação de documento confidencial, associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O processo corre sob sigilo no STF.

Em junho de 2023, o senador foi alvo de operação da Polícia Federal após declarar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o teria coagido a participar de uma tentativa de golpe no final de 2022. Na ocasião, foram apreendidos seus aparelhos eletrônicos e uma pistola Glock calibre .380 – esta última ainda retida pela PF, conforme decisão de Moraes em março deste ano.

Marcos do Val tietando Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

O parlamentar também permanece com as redes sociais suspensas desde junho de 2023, quando passou a ser investigado pela intimidação contra o delegado Fábio Shor, da PF, que atuava em inquéritos sobre Bolsonaro.

Para embasar sua posição, Do Val enviou à reportagem três arquivos em PDF intitulados “Parecer Jurídico sobre a Ilegalidade da Suspensão do Passaporte do Senador Marcos do Val”, “Ofício Direitos Humanos Suíça” e “Cumprir Ordens Ilegais”. Nenhum deles, no entanto, é documento oficial.

Procurados, STF, Polícia Federal e Itamaraty não se manifestaram sobre o caso até o momento. O Ministério das Relações Exteriores limitou-se a informar que “não tem conhecimento da saída de Do Val” e que o assunto é de competência da PF.

Fontes da PF revelaram que o passaporte comum do senador foi apreendido e bloqueado no sistema em agosto de 2024, mas o diplomático permaneceu com ele. Do Val afirma que não estava com o documento na ocasião da apreensão.

Em suas declarações, o senador capixaba intensificou o tom de confronto com o ministro Alexandre de Moraes: “Isso vai mostrar que Alexandre está derrotado, já acabou. Acabou Alexandre. A decisão é ilegal”.

 

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