
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, indicou a aliados que não pretende transformar em embate político a possível retaliação do governo Donald Trump contra autoridades brasileiras. Mesmo sob risco de sanções como a revogação do visto americano ou a aplicação da Lei Magnitsky, ele afirmou que eventuais medidas devem ser tratadas em âmbito diplomático e comercial, sem reação pessoal ou ideológica.
A Casa Branca discute, segundo fontes ligadas ao governo republicano, a imposição de restrições a Motta e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
As punições estariam ligadas à demora na tramitação de pautas de interesse do bolsonarismo, como a proposta de anistia a réus e condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Para Trump e seus aliados, a postura de Motta e Alcolumbre seria um entrave direto aos objetivos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo diante da pressão, Hugo Motta tem sinalizado que considera legítima a soberania dos Estados Unidos para decidir sobre a concessão ou retirada de vistos. Segundo interlocutores próximos, ele acredita que respostas precipitadas só acirrariam tensões diplomáticas, prejudicando as relações comerciais entre os países.

O uso da Lei Magnitsky, mecanismo legal norte-americano voltado a punir autoridades acusadas de violar direitos humanos, está entre os instrumentos considerados por Washington. Caso aplicada, a medida pode incluir o bloqueio de bens em dólar e restrições a transações financeiras no sistema global controlado pelos EUA.
A situação levou à intensificação das pressões sobre Motta e Alcolumbre por parte da oposição. O senador Flávio Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (24) que acredita em uma mudança de postura por parte dos dois congressistas, caso as sanções se confirmem.
Ele reforçou que a aprovação da anistia seria o “caminho natural” para reparar “injustiças” cometidas contra apoiadores de Bolsonaro.
Além da proposta de anistia, outro foco de pressão é o Senado. Alcolumbre é cobrado por setores da oposição a pautar pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente Alexandre de Moraes, apontado como inimigo do bolsonarismo.