POLÍTICA

VÍDEO – Delegado golpista do 8/1 chora e abandona depoimento ao STF

Fernando de Souza Oliveira quando prestou depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, em Brasília. Foto: reprodução

O delegado da Polícia Federal Fernando de Souza Oliveira, réu na investigação sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, chorou durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (24). Integrante do chamado “núcleo 2” da trama golpista, formado por servidores de segundo escalão do governo Bolsonaro, Oliveira negou qualquer envolvimento com planos para desestabilizar as eleições de 2022.

Visivelmente abalado, o delegado precisou interromper seu depoimento para tomar água e afirmou: “Nunca arriscaria minha vida profissional ou minha família por qualquer ação de qualquer pessoa que não conheço”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Oliveira de, enquanto ocupava cargo no Ministério da Justiça, ter encomendado relatórios que tentavam associar o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao crime organizado, alegação que ele nega categoricamente.

Questionado sobre sua atuação como secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal durante os ataques às instituições democráticas, Oliveira atribuiu as falhas à Polícia Militar do DF: “Não sei por que a PM não cumpriu nada que foi estabelecido no PAI [Plano de Ação Integrada]”.

O delegado também revelou motivos pessoais para ter aceitado o cargo em Brasília: “Fui a Brasília pelo tratamento de fertilidade”, explicou, referindo-se às tentativas dele e da esposa de terem filhos. Ele afirmou não ter filiação partidária ou ideológica e negou qualquer contato com políticos ou militares envolvidos nas investigações.

Após o depoimento de Oliveira, a audiência prosseguiu com o interrogatório de Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República no governo Bolsonaro. Os interrogatórios fazem parte do processo que investiga a suposta articulação para manter Jair Bolsonaro no poder mesmo após sua derrota eleitoral.

O “núcleo 2”, do qual Oliveira faz parte, é acusado de ter atuado na produção de documentos falsos e relatórios tendenciosos para criar um clima de instabilidade política e justificar intervenções antidemocráticas. Já o “núcleo 4”, também alvo das investigações, seria responsável por articular ações mais diretas contra o processo eleitoral.

As audiências no STF ocorrem em meio ao avanço das investigações sobre os eventos de 8 de janeiro, quando simpatizantes bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Até o momento, mais de 1.400 pessoas já foram denunciadas pelo Ministério Público Federal por participação nos atos.

 

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