POLÍTICA

PROTETORES DE BBB: Trio que defende privilegiados no Congresso

A enxurrada de memes verificada nos últimos dias nas redes sociais, que fixou no Congresso a imagem de “inimigo do povo”, por defender o interesse das classes mais ricas e atacar direitos dos mais pobres, deve se concentrar a partir desta semana na busca da justiça tributária. O alvo prinicipal são os chamados BBB (bilionários, bancos e bets), que pagam proporcionalmente muito menos impostos que a classe média, apesar de lucrarem fortunas.

Apoiado pelo governo, o avanço dessa pauta esbarra em caciques do Congresso que têm se mostrado ferrenhos defensores dos endinheirados do Brasil.

O mais visado é o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que surpreendeu o Executivo ao pautar na calada da noite a votação que derrubou o decreto de reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), quebrando um acordo que tinha feito com o governo.

Foi esse episódio que detonou a campanha de memes que rotulou Motta como o priuncipal “inimigo do povo” no Parlamento brasileiro.

Mas não é só isso. O presidente da Câmara dos Deputados também evitou se posicionar em outubro de 2024 durante a votação de uma das principais iniciativas para estabelecer a justiça fiscal no país: a criação de um imposto sobre grandes fortunas.

Na ocasião, a emenda da federação PSOL-Rede foi rejeitada por ampla maioria: 262 votos contrários e 136 favoráveis. Apenas PT, PCdoB, PV e PSB orientaram suas bancadas a favor da medida, enquanto o governo liberou seus parlamentares para votar como quisessem. O Centrão e a oposição se unificaram para barrar a proposta, que previa incorporar o imposto no projeto de regulamentação da reforma tributária. Motta, embora presente nos bastidores, não registrou voto e não articulou apoio.

O presidente da Câmara não faz questão de esconder sua intimidade com banqueiros e bilionários: dois dias depois de comandar a derrubada do reajuste do IOF participou de jantar com empresários na casa de João Dória, que o classificou de heroi.

Mais discreto que Motta, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil – AP), também pode ser incluído na lista dos defensores de bilionários: na derrubada do reajuste do IOF, ele tinha fechado acordo com o presidente da Câmara para levar o tema à votação dos senadores no mesmo dia.

No que se refere à taxação das bets, empresas de apostas online que sugam boa parte da renda de brasileiros que se iludem com sua promessa de rendimento fácil, um dos maiores aliados do setor no Congresso é o presidente do PP,  senador Ciro Nogueira (PI).

A revista Piauí revelou que Nogueira viajou para a Europa em um jatinho particular do empresário piauiense Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG, dono de empresas de apostas online, que disponibiliza jogos como o Fortune Tiger — popularmente conhecido como “jogo do tigrinho”.

O empresário é alvo da CPI das Bets, da qual Ciro Nogueira é mebro suplente. A comissão foi instalada no Senado no fim de 2024 para apurar irregularidades em casas de apostas e possíveis esquemas de manipulação de resultados em eventos esportivos.

Nogueira se pronunciou em duas sessões da CPI. A primeira, quando seu amigo empresário foi ouvido e, depois, na seguinte.

Na primeira, o senador saiu em defesa de Fernando, dizendo que o conhecia “há muito tempo” e que era um “grande empresário” de seu estado.

De outro lado, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI, falou sobre as dificuldades para intimá-lo a depor. “Temos problemas para encontrá-lo”, disse em sessão recente. Ciro respondeu que se comprometeria a ajudar a localizá-lo, caso fosse convocado formalmente: “Eu me comprometo aqui com a CPI, caso nós decidamos trazer ele de volta e encontrá-lo. É uma pessoa que reside no meu estado”.

Soraya Thronicke pediu que Ciro Nogueira fosse retirado do rol de membros da Comissão. A remoção do senador, de acordo com Soraya, seria para preservar a imparcialidade e a credibilidade dos trabalhos investigativos desta CPI, tendo em vista a proximidade do parlamentar com os investigados pela comissão.

Apesar do pedido de Soraya, Nogueira continua sendo membro da CPI.

Fonte: ICL NOTÍCIAS

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