
O presidente Lula (PT) determinou que seus ministros entrem em campo nas redes sociais para desmontar, ponto a ponto, as narrativas que tentam vincular o Palácio do Planalto à operação policial que deixou mais de 120 mortos no Rio de Janeiro nesta semana. A ordem é clara: confrontar diretamente o governador Cláudio Castro (PL) e aliados bolsonaristas que, segundo o Planalto, formam um complô para jogar a responsabilidade em relação ao massacre sobre governo federal, sendo que tal natureza de atividade policial, pela Constituição, é atribuição exclusiva do estado.
Em reuniões reservadas, a Fórum apurou, Lula cobrou que a mensagem chegue ao cidadão comum de forma cristalina: o governo federal nunca foi solicitado formalmente para atuar na segurança fluminense. Ou seja, não houve pedido, não houve colaboração, portanto, não houve omissão. Aliás, houve, sim, foi uma tentativa de manipulação. A estratégia será massiva nas plataformas digitais, onde o PT já identificou que 45% dos comentários sobre a operação policial aprovam a ação, embora no próprio Rio a rejeição predomine entre a população.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foi escolhido como porta-voz oficial da crise, mas sua postura excessivamente institucional e contida gerou algumas críticas internas. Lula desejava um tom mais incisivo, quase de combate político. A entrevista coletiva pós-reunião expôs um descompasso: o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, começou a explicar que a inteligência da PM fluminense fez um contato informal com escalões inferiores da corporação federal [apenas com o superintendente no Rio], algo que foi visto de forma ruim por Lewandowski, que inclusive o cortou, criando um momento de constrangimento na frente dos repórteres.
Lula não quer mais isso. O Planalto vê na operação um palco montado pela extrema direita para dois públicos simultâneos: celebrar o “sucesso” do morticínio para bolsonaristas radicais e culpar Lula pela “barbárie” para os críticos do governo. Governadores como Castro, Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) são apontados como os principais articuladores dessa ofensiva. Eles querem surfar no sangue dos mortos já com 2026 no horizonte.
A resposta federal será coordenada: posts diários, vídeos curtos, infográficos e lives com ministros e líderes partidários. O objetivo é blindar a imagem das ações positivas do governo em segurança pública que, pela Constituição, se limitam a apoio técnico e inteligência quando solicitados, e expor que o Rio de Janeiro vive um problema de gestão estadual, não federal.



