
A maioria dos usuários de redes sociais responsabiliza o governador Cláudio Castro (PL) pela atual crise na segurança pública do Rio de Janeiro, segundo pesquisa da AP Exata. O levantamento também revelou desaprovação à megaoperação policial realizada na terça-feira (28), que resultou em mais de 100 mortes. As informações são do Estadão.
De acordo com a pesquisa, 63,4% apontam Castro como principal responsável pela situação, enquanto 29,7% atribuem a culpa ao presidente Lula. Outros 6,9% mencionam diferentes atores, como o Supremo Tribunal Federal (STF). Em relação à operação contra o Comando Vermelho (CV), as opiniões se dividiram: 53,2% desaprovaram a ação, e 46,8% a aprovaram.
O levantamento analisou 62 mil publicações no Instagram e no X (antigo Twitter), entre 9h de terça-feira (28) e 10h desta quarta (29).
“As pessoas entendem que a segurança pública é uma atribuição dos Estados, que controlam as polícias militar e civil, enquanto o governo federal atua principalmente por meio da Polícia Federal”, explica Sergio Denicoli, CEO da AP Exata.
Embora setores da direita tentem associar Lula à crise, esse discurso não encontrou grande adesão, já que a população reconhece a responsabilidade dos governos estaduais no tema, na avalição de Denicoli. Segundo ele, o governo federal tem mantido vantagem na disputa narrativa nas redes até o momento.
A análise mostra que 45,8% das publicações descrevem a operação como uma “chacina promovida pelo Estado”, baseada em uma política de extermínio contra negros, pobres e moradores de favelas. No sentido oposto, 41,2% defendem que o Rio vive um “estado de guerra” e pedem “tolerância zero” contra o crime.
Outros discursos tiveram menor destaque: 6,7% das menções apontaram falhas estratégicas e classificaram a operação como um “espetáculo sem resultados”, enquanto 6,3% comentaram os impactos da ação no cotidiano dos cariocas.

Redes focaram na dimensão da tragédia
Para Denicoli, a predominância do governo federal na narrativa se deve à soma de dois discursos. “A militância fala em chacina e política de extermínio, enquanto o governo defende operações com inteligência, como ressaltou o ministro Fernando Haddad ao mencionar o combate à máfia dos combustíveis”, explica.
“Essas vertentes combinadas dão ao governo uma leve vantagem narrativa. É um tema que causa impacto político, mas tende a não se tornar central no debate eleitoral, pois não é novo e continua polarizado”, conclui.
O estudo também observou mudanças no foco das discussões ao longo do dia da megaoperação, na terça-feira (28. Pela manhã, a atenção estava voltada para o anúncio da operação e as imagens dos confrontos, incluindo o uso de drones por traficantes para lançar granadas. À medida que as horas passaram, o debate se concentrou no aumento do número de mortos.
Na manhã da quarta-feira (29), o foco voltou à dimensão da tragédia, após moradores do Complexo da Penha levarem 72 corpos à Praça São Lucas. O governo estadual admitia cerca de 60 mortes na véspera, mas o número oficial já subiu para pelo menos 119 à tarde.
A Defensoria Pública do Rio afirma que o total de vítimas pode chegar a 132 mortos na operação contra o Comando Vermelho. Com ICL Notícias



