
O acordo para a primeira fase de um acordo de cessar-fogo na guerra de Israel em Gaza foi assinado nesta quinta-feira (09/10). Segundo agências de notícias internacionais, as delegações concordaram com a retirada das forças de ocupação israelenses, a troca de prisioneiros e a entrada de ajuda humanitária no território palestino.
De acordo com a mídia local, a assinatura do plano acontecerá formalmente no Cairo ao meio-dia de quinta-feira (09:00 GMT) — é estipulado que o cessar-fogo comece em seguida, assim como é planejado a entrada de pelo menos 400 caminhões de ajuda em Gaza todos os dias “durante os primeiros cinco dias após o início do cessar-fogo”.
De acordo com o jornal The Times of Israel, gabinete israelense se reunirá às 15:00 GMT para discutir um plano para garantir a libertação de todos os prisioneiros israelenses mantidos em Gaza após a aprovação do acordo. Além disso, o gabinete de Netanyahu anunciou que o acordo só entrará em vigor após receber a aprovação do gabinete.
Um alto funcionário do Hamas confirmou ao site de Beirute, Al Mayadeen, que seriam libertados 20 prisioneiros israelenses em troca da libertação de mais de 2.000 prisioneiros e detidos palestinos, incluindo 250 cumprindo penas de prisão perpétua e 1.700 detidos desde o início da guerra em Gaza, dois anos atrás.
Uma fonte palestina familiarizada com as negociações disse à AFP que a troca deve ocorrer dentro de 72 horas após a implementação do acordo, acrescentando que “o acordo foi aprovado por todas as facções palestinas”.
O correspondente do Al Mayadeen observou que “após a assinatura do acordo, a passagem de Rafah será reabilitada, em preparação para a entrada de centenas de caminhões de ajuda humanitária em Gaza”.
Delegações e mediadores reagem
O Hamas emitiu uma declaração “inteligente e bem elaborada” em resposta ao plano de Trump, algo que Israel esperava que o grupo palestino rejeitasse, diz Omar Rahman, membro do Conselho de Assuntos Globais do Oriente Médio. Na quarta-feira (08/10), Taher al-Nounou, alto funcionário do grupo de resistência, afirmou que as delegações haviam trocado listas de prisioneiros e reféns que seriam libertados caso um acordo seja alcançado durante as negociações de cessar-fogo no Egito.
“Acho que eles foram apoiados pelos estados árabes e muçulmanos que ajudaram a negociar a proposta inicial, em termos de necessidade de esclarecimento, expressando alguma frustração e raiva pelo fato de os termos do acordo que eles fizeram à margem da ONU terem sido alterados tão substancialmente por Netanyahu e então anunciados pelo governo Trump”, disse Rahman à emissora catari Al Jazeera, falando de Washington, DC.
Rahman acrescentou: “Foi um acordo horrível, mas no final das contas, algo precisava ser feito para aproveitar a oportunidade de acabar com o massacre, a fome em Gaza e acabar com esse genocídio, e isso ficou claro naquela declaração, que a prioridade número um é acabar com o sofrimento dessas pessoas em Gaza”.
Wafa
Através da sua plataforma Truth Social, o republicano e líder da Casa Branca, anunciou a assinatura da primeira fase do plano de paz, “como os primeiros passos em direção a uma paz duradoura, e agradecemos a todos os mediadores que trabalharam para concretizar este evento”.
O Ministério das Relações Exteriores do Catar disse que um acordo foi alcançado sobre todos os termos e mecanismos para implementar a primeira fase do acordo de cessar-fogo em Gaza, levando ao fim da guerra, à libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos e à entrada de ajuda.
De acordo com a agência palestina, Wafa, o presidente Mahmoud Abbas expressou “esperança de que esses esforços seriam um prelúdio para alcançar uma solução política permanente”, conforme anunciado pelo presidente Trump, levando ao fim da ocupação israelense do Estado da Palestina e ao estabelecimento de um estado palestino independente nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital.
Abbas também reiterou a necessidade de todas as partes se comprometerem com a implementação imediata do acordo, incluindo a libertação de todos os reféns e prisioneiros, a entrada de ajuda humanitária urgente por meio de organizações das Nações Unidas, a prevenção de deslocamento ou anexação e o início do processo de reconstrução.
Plano Trump
Em 29 de setembro, o presidente norte-americano anunciou um plano para encerrar a guerra na Faixa de Gaza e alcançar a paz no Oriente Médio. O presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, imediatamente elogiou os esforços significativos de Trump.
Na época, ele afirmou a prontidão do Estado da Palestina em trabalhar construtivamente com o Presidente Trump, todos os parceiros envolvidos, os copresidentes da Conferência Internacional de Paz em Nova York, os chefes dos grupos de trabalho, o membro árabe do Conselho de Segurança, Argélia, e todos os membros do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral, para alcançar estabilidade e uma paz justa e duradoura, de acordo com o direito internacional.
Todavia, o plano do líder norte-americano exige que o grupo de resistência devolva todos os 48 reféns — dos quais cerca de 20, segundo Israel, ainda estariam vivos —, abra mão do poder e se desarme. Em contrapartida, seriam libertadas centenas de prisioneiros palestinos, aumentaria a ajuda humanitária e teriam fim os ataques de Israel. No entanto, a proposta aceita pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não abre caminho para a criação de um Estado palestino.
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