
O acordo provocou reações emocionadas. Em Israel, famílias de reféns soltaram fogos de artifício em Tel Aviv, enquanto em Gaza multidões se reuniram para celebrar a esperança de um fim ao genocídio. “Graças a Deus pelo cessar-fogo, o fim do derramamento de sangue e da matança. Eu não sou o único feliz, toda a Faixa de Gaza está feliz, todo o povo árabe, todo o mundo está feliz com o cessar-fogo e o fim do derramamento de sangue”, afirmou Abdul Majeed abd Rabbo, morador de Khan Younis.
Apesar das comemorações, analistas alertam que o pacto é vago e pode enfrentar os mesmos obstáculos que frustraram tentativas anteriores de paz.
Hamas confirma acordo e reforça posição política
O Hamas declarou que o acordo prevê a retirada israelense de Gaza e a troca de prisioneiros com Israel. “Afirmamos que os sacrifícios do nosso povo não serão em vão e que permaneceremos fiéis à nossa promessa: nunca abandonar os direitos nacionais do nosso povo até que a liberdade, a independência e a autodeterminação sejam alcançadas”, afirmou a organização.
Mais de 67 mil pessoas morreram desde o início da ofensiva israelense em 2023.
Libertação de prisioneiros em até 72 horas
O anúncio trouxe alívio imediato para famílias israelenses que aguardam notícias de seus entes prisioneiros em poder do Hamas. Em Tel Aviv, parentes se reuniram na chamada “Praça dos Reféns”.
Fontes do Hamas afirmaram que os sobreviventes serão libertados em até 72 horas após a aprovação do acordo pelo governo israelense. A recuperação dos corpos, estimados em 28 reféns mortos, pode levar mais tempo devido às ruínas em Gaza.
O futuro da Faixa de Gaza e a pressão árabe
A proposta de Trump prevê, em fases posteriores, a criação de um organismo internacional para administrar Gaza, com participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Países árabes afirmam que o processo deve culminar no reconhecimento de um Estado palestino independente, algo que Netanyahu rejeita categoricamente.
Ainda não está claro quem governará Gaza após o cessar-fogo. O Hamas admite a possibilidade de transferir a administração a um governo tecnocrata palestino supervisionado pela Autoridade Palestina, desde que haja apoio de países árabes e muçulmanos, mas descarta qualquer ingerência estrangeira direta.
Desafios e incertezas
Enquanto a comunidade internacional reage com cauteloso otimismo, especialistas lembram que o sucesso do plano dependerá de avanços concretos nas próximas semanas. Questões como a reconstrução de Gaza, o papel do Hamas e a criação de mecanismos de segurança regionais serão decisivas para que a trégua se transforme em paz duradoura.
A celebração popular evidencia o desejo de paz. Porém, a história recente mostra que o caminho para a paz entre israelenses e palestinos continua repleto de impasses e riscos de retrocesso.