POLÍTICA

Sora 2: IA que gera vídeos super-realistas vira alvo de Hollywood; entenda

Sora 2 gera cena de homem participando de corrida de patos gigantes. Foto: Reprodução/OpenAI

A Motion Picture Association (MPA), que representa estúdios como Disney, Universal e Warner Bros, cobrou da OpenAI “ação imediata e decisiva” para conter o uso indevido de personagens protegidos por direitos autorais no Sora 2, o gerador de vídeos com inteligência artificial lançado no fim de setembro. A entidade criticou o modelo da empresa, que transfere aos próprios detentores dos direitos a responsabilidade de impedir o uso não autorizado das obras.

Em comunicado, o CEO da MPA, Charles Rivkin, afirmou que “vídeos que violam filmes, programas e personagens de nossos membros proliferaram no serviço da OpenAI e nas redes sociais”. O executivo apontou que a legislação de direitos autorais “protege os criadores e se aplica plenamente ao caso do Sora 2”.

Essa foi a primeira manifestação pública da associação desde o lançamento do modelo, que rapidamente viralizou por permitir a criação de vídeos realistas com figuras de franquias conhecidas. O Sora 2 possibilita gerar cenas curtas, de até 10 segundos, com áudio, efeitos sonoros e simulação física do mundo real.

Usuários publicaram vídeos de James Bond jogando pôquer e até do Mario fugindo da polícia, o que motivou os protestos dos estúdios. No TikTok, circularam também vídeos fictícios com Stephen Hawking participando de corridas de automóvel, gerando questionamentos sobre ética e propriedade intelectual.

Rivkin afirmou que a OpenAI precisa “reconhecer sua responsabilidade” e não transferir a tarefa de controle às empresas prejudicadas. Em resposta, o CEO da OpenAI, Sam Altman, prometeu “controle mais granular” para os detentores de direitos e anunciou uma atualização para melhorar os filtros de proteção.

O CEO, no entanto, reconheceu que “pode haver casos extremos de gerações que passem e não deveriam passar”, admitindo que o sistema ainda não é infalível.

A polêmica cresceu após vídeos de divulgação da própria OpenAI mostrarem personagens em cenas geradas sem autorização. Altman reconheceu que a correção demandará “iterações”, ou seja, ajustes contínuos, até que o sistema possa identificar e barrar conteúdos protegidos automaticamente. Mesmo assim, não garantiu que os vídeos já disponíveis seriam removidos.

O embate entre Hollywood e empresas de IA não é inédito. Em 2025, Disney e Universal processaram a plataforma Midjourney por permitir a criação de imagens e vídeos com material protegido. Poucos meses depois, a Warner entrou com ação semelhante. A defesa da Midjourney alegou “uso justo” (fair use) e responsabilizou os usuários, argumento que agora se repete no caso da OpenAI.

O Sora 2 foi um sucesso comercial e se tornou o aplicativo mais baixado da App Store nos Estados Unidos em apenas 3 dias. Especialistas avaliam que as pressões da MPA podem forçar a OpenAI a adotar restrições mais rígidas, abrindo um precedente para outras plataformas de geração de conteúdo digital.

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