
O relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Banco Central, apresenta atualizações importantes sobre as projeções econômicas para os próximos anos. A mediana da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2025 foi ajustada levemente, caindo de 4,81% para 4,80%, o que ainda coloca o índice acima do teto da meta estipulada para o ano, que é de 4,50%.
A projeção para 2026, por sua vez, foi mantida em 4,28%, mas houve um pequeno aumento nas estimativas, subindo de 4,26% para 4,30%. Para os próximos anos, a expectativa do Banco Central para o IPCA é de 4,8% em 2025 e 3,6% em 2026, com uma meta de convergência para 3,4% até o primeiro trimestre de 2027.
Esses números indicam uma pressão contínua sobre a política monetária, com a necessidade de monitoramento constante da inflação. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro, a taxa Selic foi mantida em 15%, o que demonstra a cautela das autoridades diante de um cenário econômico ainda marcado por incertezas.
O Copom tem seguido uma estratégia de “manutenção prolongada” dos juros para garantir que a inflação se aproxime da meta. Em seu comunicado, o Comitê reforçou que seguirá vigilante, avaliando a eficácia dessa política.
O Banco Central também detalhou mudanças importantes na meta de inflação, que agora se torna contínua, com base no IPCA acumulado em 12 meses. A meta central é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Caso a inflação fique fora desse intervalo por seis meses consecutivos, o Banco Central deverá reconhecer que não atingiu a meta.
Essa situação já ocorreu com a divulgação do IPCA de junho, que levou a autoridade monetária a emitir uma carta aberta informando que espera uma redução da taxa abaixo de 4,50% até o final do primeiro trimestre de 2026.

Em relação à Selic, a mediana para 2025 segue em 15%, refletindo a continuidade da política de juros elevados. A previsão para o fim de 2026 permanece em 12,25%, enquanto as projeções para 2027 e 2028 são de 10,50% e 10%, respectivamente, o que indica uma expectativa de redução gradual dos juros no médio prazo, caso a inflação e o crescimento econômico se estabilizem.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil também recebeu ajustes nas projeções. Para 2025, a mediana da estimativa de crescimento se manteve em 2,16%, mas a expectativa do Banco Central para este ano foi revisada para 2,0%, uma redução de 0,1 ponto.
A diminuição foi atribuída aos efeitos incertos do aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos da América e à moderação da atividade econômica observada no terceiro trimestre. No entanto, a agropecuária e a indústria extrativa devem compensar parcialmente esse impacto. Para 2026, a projeção de crescimento do PIB se manteve estável em 1,80%, enquanto para 2027 a estimativa é de 1,90% e para 2028 de 2,00%.
Além disso, o dólar também passou por ajustes nas projeções do relatório Focus. A mediana da cotação do dólar para o final de 2025 caiu de R$ 5,48 para R$ 5,45, enquanto para 2026 a estimativa passou de R$ 5,58 para R$ 5,53. Para 2027 e 2028, a projeção de câmbio se manteve em R$ 5,56, o que reflete uma expectativa de estabilidade para a moeda estadunidense nos próximos anos.