Foi preso detido na manhã desta terça-feira (19), o general da reserva Mário Fernandes foi acusado de conspirar para assassinar o então presidente eleito, Lula, e seu vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), em 15 de dezembro de 2022. Fernandes, que atuou como ministro-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL), defendeu “alternativas” antes das eleições durante uma reunião ministerial em julho de 2022.
Na mencionada reunião, Fernandes expressou a necessidade de uma ação antecipada, sugerindo que medidas fossem tomadas antes que os eventos se desenrolassem, insinuando que Bolsonaro liderava uma ação golpista. Ele chegou a mencionar a possibilidade de perturbar a ordem antes das eleições de outubro daquele ano, vencidas por Lula, levantando questões sobre um retorno a um período sombrio da história do Brasil.
Além disso, Fernandes e outros envolvidos, incluindo oficiais militares e um policial federal, foram presos. Fernandes, um dos principais aliados de Bolsonaro, foi fundamental no governo, ocupando posições estratégicas, inclusive como Autoridade de Monitoramento da Lei de Acesso à Informação. Após o fracasso de suas tentativas de golpe, ele buscou refúgio no gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), outro general da reserva e ex-ministro da Saúde.
Subsequentemente, Fernandes foi obrigado a deixar sua posição devido às investigações em andamento. Suas ações foram alvo de mandados de busca e apreensão durante a Operação Veritatis, conduzida pela Polícia Federal em fevereiro, e ele foi proibido de exercer funções públicas por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Leia a carta golpista de Mario Fernandes na íntegra
“Boa noite, COMANDANTE…
Ao cumprimenta-lo cordialmente, reforço, uma vez mais, a grande honra de tê-lo à frente dos destinos de nosso Exército, particularmente neste momento em que nenhum outro nome seria tão líder e capaz para tal Missão. Destaco também, COMANDANTE, a minha condição de seu eterno aluno e subordinado, cuja lealdade e confiança, a qualquer tempo ou por qualquer motivo, jamais serão abaladas!
COMANDANTE, eu gostaria, inicialmente, de reforçar ao Sr que mantenho minhas esperanças no Relatório da Defesa, instrumento este que, ao menos, deverá manter acesa a chama que atualmente estimula o clamor de nossa Sociedade! Clamor este que brada a indignação de nosso Povo, tanto com a manobra jurídica que anulou a condenação do Sr LULA, como com sua elegibilidade para concorrer ao mais importante Cargo desta grande Nação… O que foi alcançado por meio de um Sistema Eleitoral vulnerável, não transparente e totalmente fraudável.
COMANDANTE, os nossos pais viveram momentos tão tenebrosos como o que vivemos hoje, e como no passado, as nossas Instituições devem compreender que a vontade popular é a base da Democracia e que um apelo social tão significativo não pode simplesmente ser taxado como um Ato Antidemocrático, sendo desconsiderado e censurado. Uma AUDITORIA urgente deve ser imposta ao Judiciário, ao recente Pleito Eleitoral e aos Sistemas Integrados de Recursos Humanos, Hardware e Software da Justiça Eleitoral… Pelo simples motivo de que nossa Constituição Federal prevê “contagem pública” de votos!
Igualmente, COMANDANTE, por outro lado, a Sociedade Brasileira deve compreender que Instituições como as nossas Forças Armadas são de Estado, e como tal, com base em sua história e servidões, jamais poderão intervir em qualquer processo no País, sem uma base de apelo social e de amparo legal que justifique tal ato. Assim, contamos com um Evento Disparador, como no passado!
E talvez o Sr concorde comigo, COMANDANTE, quanto ao fato de que as atuais manifestações tendem a recrudescer, propiciando eventos disparadores a partir da ação das Forças de Segurança contra as massas populares, com uso de artefatos como gás lacrimogêneo e Gr de efeito moral… Tudo isto, bem próximo ou em nossas áreas militares!
Questões jurisdicionais vão ocorrer e o STF/TSE, seguramente, logo determinará a ação de Forças de Segurança em nossas áreas… Mas por enquanto, diferente da ações da VPR no passado, ações que vitimaram o Sgt MARIO KOZEL, o povo apenas canta o Hino Nacional e reverencia nossa Bandeira! Será que não é o momento de nos posicionarmos e cobrarmos da Justiça a postura que lhe é devida!
Desculpando-me pelo desabafo, General, eu acredito que nós seguimos discutindo política como se estivéssemos falando de futebol, sendo que uma ruptura institucional já ocorreu há muito tempo entre os Poderes. Precisamos tomar as rédeas da situação, COMANDANTE! O respaldo popular está aí e se prosseguirmos na atual passividade, corremos o risco de perder tanto o apoio como a histórica confiança de nossa Sociedade!
Com o atual Governo, existem, além do Sr, diversos Oficiais Generais e competentes Civis, todos indiscutivelmente PATRIOTAS, dedicados a um futuro digno para esta Nação. Com LULA, quantos serão? Não seremos mais ouvidos! Quem mais se preocupa com o destino desta Nação não se sentará mais à mesa das decisões! Que pressões sofrerão as nossas Forças Armadas? Nós nos conhecemos, COMANDANTE, não admitiremos o que está por vir… E reagiremos! Então, porque não reagir agora?
É agora ou nunca mais, COMANDANTE, temos que agir! E não existe motivação maior do que a proteção e o futuro desta Grande Nação e de seus filhos… Os nossos filhos!
Por fim, KID PRETO, permita-me reforçar, que eu não possuo honra maior em minha vida, do que a de pertencer ao Exército de Caxias, e que este Soldado das Operações Especiais sempre lhe dedicará lealdade e confiança incontestes. Reforçar, ainda, COMANDANTE, que somos Aves de mesma Plumagem, que voam e pensam juntas, e cujo sacrifício pela Pátria não é apenas uma rotina, mas sim, a nossa motivação! Sempre juntos… Força!!!
Gen MARIO”