
O estrategista da campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, Duda Lima, avaliou que a direita brasileira está cometendo um erro estratégico ao focar excessivamente em temas como a anistia em detrimento da crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao e-book “Quem será o próximo presidente?”, lançado na última semana, o marqueteiro argumenta que a oposição deveria concentrar seus esforços em apontar as falhas da atual gestão federal.
Lima também sustenta que Bolsonaro só teria perdido a eleição para Lula devido a eventos circunstanciais, como o episódio envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson atacando policiais federais com granadas uma semana antes do segundo turno.
Segundo Duda Lima, as sanções anunciadas pelo presidente estadunidense Donald Trump e a atuação de Eduardo Bolsonaro no exterior representam um novo tiro no pé da oposição a um ano da corrida presidencial.
“A direita errou demais. ‘Ah, se não tiver mais anistia, vai ter tarifaço’. Eu não concordo com isso. Por acaso o povo vai pagar essa conta? Tem gente na direita achando que é isso mesmo, o que confunde as pessoas. Elas se perguntam: ‘Então eu defendo o Donald Trump ou ataco?’. Fica uma confusão generalizada. A direita acabou se perdendo em um momento em que o governo é que estava perdido”, afirmou o marqueteiro.

O estrategista, que conseguiu fazer o Partido Liberal entender a importância de atacar a ineficiência do governo no combate à inflação no primeiro semestre, havia planejado os últimos seis meses do ano com a direita focando em outro tema específico: os desvios no INSS e o prejuízo causado a milhões de aposentados pelas fraudes. No entanto, ele observa que a oposição parou de apontar os erros do governo.
“Não se fala mais dos problemas do governo. Quanto mais temas como o julgamento do Bolsonaro ou anistia se estenderem, pior para a oposição. Quem queria que o ex-presidente fosse condenado, já sabe em quem vai votar. Quem não queria, também. Há uma coluna do meio que deveria estar sendo impactada com os erros e acertos do governo. Se continuarmos nesses temas apenas, lá na frente não estaremos mais debatendo se o terceiro mandato do Lula foi bom ou ruim”, avaliou Duda.
O e-book “Quem será o próximo presidente?” apresenta doze entrevistas com os maiores estrategistas políticos e donos de institutos de pesquisa do Brasil.
Entre os entrevistados estão os protagonistas das últimas eleições presidenciais: os dois marqueteiros do PT nas últimas cinco disputas — João Santana (2006, 2010 e 2014) e Sidônio Palmeira (2018 e 2022); e os estrategistas que estiveram ao lado de Bolsonaro nas vezes em que concorreu — Marcos Carvalho (2018) e Duda Lima (2022). A publicação oferece um panorama abrangente das estratégias que moldaram as campanhas presidenciais recentes no país.