POLÍTICA

Advogados de Zambelli querem usar material de Tagliaferro contra Moraes; entenda

Carla Zambelli durante depoimento na CCJ da Câmara. Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reuniu-se com advogados da deputada Carla Zambelli (PL-SP) durante visita à Itália, onde a parlamentar está presa, para discutir as denúncias feitas por Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes.

O encontro abordou a alegação de que Tagliaferro teria usado uma suposta estrutura de perseguição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para prejudicar Zambelli. De acordo com informações dos advogados, há interesse em realizar perícia no material apresentado pelo ex-assessor.

Durante a mesma viagem, Flávio reuniu-se com o vice-premiê italiano, Matteo Salvini. O senador solicitou que o governo italiano, ao ser consultado sobre o pedido de extradição de Zambelli, leve em consideração a condição de perseguida política da deputada.

A expectativa de acompanhantes do processo é que a Procuradoria-Geral da Itália apresente seu parecer dentro de um mês. Já o caso de Tagliaferro, que também é alvo de pedido de extradição, deve demorar mais para ser resolvido.

Diferentemente de Zambelli, condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e porte ilegal de arma, o ex-assessor de Moraes é apenas investigado e não há ordem de prisão contra ele.

Tagliaferro tem sido questionado sobre a veracidade de suas denúncias contra o magistrado. Em seu histórico no TSE, atuou como chefe de gabinete na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação durante a gestão de Moraes à frente da Corte, entre 2022 e 2024.

Em agosto de 2022, o Metrópoles revelou trocas de mensagens entre empresários que defendiam abertamente um golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. Dias depois, alguns desses empresários foram alvos de operações da Polícia Federal, incluindo Luciano Hang, da Havan, José Koury, do Barra World Shopping e Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia.

Tagliaferro fez alegações sobre a cronologia dos relatórios que fundamentaram essas operações. “A busca e apreensão foi realizada em 23 de agosto. Porém, se os senhores observarem, os relatórios e todo o material que a mim foi passado para montar aquela farsa, são dos dias 26, 27 e 28 de agosto”, afirmou.

Eduardo Tagliaferro e Alexandre de Moraes. Foto: reprodução

O ex-assessor apresentou prints de supostos materiais produzidos a mando do juiz auxiliar de Moraes, Airton Vieira, incluindo mapas mentais sobre as investigações e o envolvimento dos empresários. Segundo ele, Moraes não tinha conhecimento da delegação da produção do material.

“Esse documento que foi apresentado por Alexandre de Moraes para justificar e dizer que existia uma investigação preliminar para a busca e apreensão, foi confeccionado por mim, a pedido de Airton Vieira, que não sabia mexer com computador. Isso chegou às minhas mãos por acaso, Moraes nem sabia que Airton Vieira tinha me passado. Airton me pediu para não falar nada”, declarou Tagliaferro.

No final do mês passado, circulou nas redes sociais que o ex-assessor de Moraes teria vazado as “verdadeiras” imagens do 8 de Janeiro. Os vídeos supostamente mostrariam manifestantes criticando os atos de violência e depredação, e o ministro do STF Flávio Dino teria mandado apagá-los para ocultar que não houve tentativa de golpe de Estado.

O Estadão Verifica, coluna de checagem de fatos do jornal, analisou o caso e concluiu que a afirmação é falsa. Tagliaferro negou possuir gravações inéditas do 8 de Janeiro. Além disso, os vídeos citados não são novos: foram publicados em redes sociais no mesmo dia ou logo após os ataques em Brasília, em 2023.

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