
O presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Ualid Rabah, classificou a exposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o genocídio em curso na Faixa de Gaza nesta terça-feira (23/09), na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), como “uma das mais importantes desde a Nakba”.
“Superou todos os dirigentes árabes somados em suas coragem e dignidade humana. Os palestinos reconhecerão Lula para todo o sempre como o estadista do século”, disse. “[A manifestação] foi feita quando o equivalente à Nakba se desenvolve em Gaza, no que já é, proporcionalmente, o maior genocídio conhecido”.
Mais cedo, o chefe de Estado do país sul-americano reforçou que nada justifica o genocídio cometido por Israel no enclave, ao mencionar as “dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes” enterradas sob as “toneladas de escombros”. Denunciou também que “a fome é usada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente”.
“Ali também estão sepultados direitos internacional e humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente. Esse massacre não aconteceria sem a cumplicidade dos que poderiam evitá-lo”, acrescentou.
De acordo com Rabah, Lula não apenas reiterou que o único termo que descreve o que ocorre na Palestina é genocídio, como também citou o Ocidente como a força que fomenta as atrocidades contra o povo palestino.
“Foi além: corajosamente, enterrou a alegada superioridade ética, civilizacional, do Ocidente nos escombros e sob os quase 80 mil cadáveres de palestinos inocentes exterminados por Israel e Estados Unidos”, explicou.
O presidente da FEPAL também apontou para a declaração feita pelo mandatário brasileiro no dia anterior, na Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução da Questão Palestina, onde manifestou apoio à criação de um comitê na ONU equivalente ao que deu fim ao apartheid na África do Sul.
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‘Desmontou estratégia sionista’
De acordo com o coletivo Vozes Judaicas por Libertação (VLJ), o presidente Lula “acertou” ao defender o direito de autodeterminação do povo palestino e a expor a cumplicidade do mundo, sobretudo os países ocidentais, com Israel na promoção do genocídio.
“Ao afirmar que ‘nada justifica o genocídio em Gaza’, Lula desmontou a estratégia sionista que tenta usar o Hamas como justificativa para massacrar milhões de civis palestinos. Nenhum argumento de ‘direito de defesa’ ou ‘combate ao terror’ explica o bombardeio sistemático de hospitais, escolas, mesquitas e campos de refugiados”, ressaltou, mencionando a frase usada pelo mandatário de que “nenhuma situação é mais emblemática do uso desproporcional e ilegal da força do que a da Palestina”.
O VJL também apontou para a fala em que expressa “admiração aos judeus que, dentro e fora de Israel, se opõem a essa punição coletiva”, destacando representatividade. Segundo o coletivo, demonstra que as críticas do presidente a Israel estão desvinculadas do seu entendimento sobre a posição das comunidades judaicas.
“O presidente está em sintonia com o número crescente de judeus que se levantam contra o genocídio, mostrando que o sionismo não fala em nome do povo judeu. Os previsíveis ataques das entidades sionistas, aliadas da extrema-direita bolsonarista, a Lula apenas reforçam a traição destes órgãos aos tradicionais valores judaicos de combate a toda forma de opressão”, pontuou.
Vale lembrar que Lula já foi acusado de antissemitismo pelo regime sionista por comparar o Holocausto nazista ao genocídio em Gaza, e chegou a ser considerado “persona non grata” pelo gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
De acordo com o VJL, as decisões tomadas pelo governo brasileiro no âmbito da ONU, que não apenas reforçaram a adesão do país ao processo movido pela África do Sul contra Israel como também destacaram a suspensão da exportação de materiais de defesa ao regime sionista para assentamentos ilegais, “colocam o nosso país ao lado das vozes que exigem responsabilização pelos crimes cometidos em Gaza”.
“Nós saudamos a posição brasileira, mas seguimos cobrando que o governo interrompa também o envio de petróleo e aço, que alimentam diretamente a máquina de guerra israelense”, declarou. “O discurso de Lula na ONU nos enche de esperança e fortalece nossa luta. É um passo importante para que a denúncia se transforme em ação e, finalmente, em justiça para o povo palestino”.
O post Organizações Pró-Palestina exaltam discurso de Lula: ‘expôs cumplicidade global ao genocídio’ apareceu primeiro em Opera Mundi.