
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu visto para entrar nos Estados Unidos, mas terá circulação fortemente limitada em Nova York, com regras mais duras do que as impostas a diplomatas de Cuba, Síria e Rússia, conforme informações do Globo.
Caso acompanhe o presidente Lula (PT) na Assembleia Geral da ONU, só poderá transitar em uma área de até cinco quarteirões do hotel onde estiver hospedado, além dos trajetos autorizados para a ONU e representações brasileiras.
Diplomatas de Cuba, Síria e Rússia, por exemplo, têm direito a circular em um raio de até 40 quilômetros de Manhattan, a partir do Columbus Circle. Já Padilha ficará restrito a uma área bem menor. O Departamento de Estado americano admitiu que “a imposição de tais restrições é incomum”.
Segundo o site oficial dos EUA, outros países também estão sujeitos a limitações semelhantes, como Eritreia, Venezuela, Coreia do Norte e Irã.
Críticas na ONU
O relatório de 2024 do Comitê de Relações com o País Anfitrião da ONU registrou críticas de representantes de Rússia, Síria e Cuba contra a restrição de 25 milhas (40 km) aplicada pelo governo americano.
“O representante de Cuba afirmou que a imposição pelo país anfitrião da restrição de viagem num raio de 25 milhas de Columbus Circle para membros de certas missões permanentes era discriminatória (…) Ele observou que aquela questão tinha sido repetidamente levantada no comitê”, diz o documento.
Visto contestado
Padilha foi o último da comitiva a receber visto. No mês passado, os EUA chegaram a cancelar os vistos da esposa e da filha do ministro, medida que também afetou médicos cubanos que participaram do programa Mais Médicos, criado em 2013 no governo Dilma Rousseff. Segundo a Casa Branca, eles eram vítimas de exploração de mão de obra análoga à escravidão.
O ministro estava com o visto vencido desde 2024 e só pediu a renovação em 18 de agosto. “Esse negócio do visto é igual àquela música, ‘tô nem aí’. Vocês estão mais preocupados com o visto do que eu. Eu não tô nem aí. Acho que só fica preocupado com o visto quem quer ir para os Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos”, ironizou Padilha.
“Só fica preocupado com o visto quem quer sair do Brasil, ou quem quer ir para lá fazer lobby de traição da pátria, como alguns estão fazendo. Não é meu interesse, está certo?”, disse, em referência ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
